Mais um mês de agosto se aproxima do final. Esse, se não me engano, foi o mais frio agosto dos últimos tempos. E eu adorei. Ainda mais agora que já faz três anos que não vou à Europa, estava mesmo sentindo saudade do frio... Quando o mês de agosto termina, rapidamente temos a chegada da primavera e, num piscar de olhos, o fim do ano com todo o pacote de festas, Natal, Ano Novo, etc. E a vida segue... Aqui na Pauliceia nem o frio é capaz de fazer a gente sossegar o rabo. Abundam atrações, passeios, programas. Fui visitar a exposição de retratos de Bob Wolfenson no Espaço Cultural Porto Seguro. Destaco as belezas estonteantes de Sonia Braga e Vera Fischer em meio a centenas de celebridades retratadas por este mestre da imagem. Fica até dezembro, dá tempo de sobra pra todo mundo ir conferir... Tenho ido com frequência ao teatro, graças a Deus. E melhor, tenho gostado do que vejo, graças aos Deuses! Assim foi com a interessante montagem do Mal Entendido, de Albert Camus, com direção precisa de Ivan Andrade e um excelente elenco encabeçado pela brilhante interpretação de Lara Córdula... Uma divertida e agradável surpresa está incrustada no pequeno Teatro de Arena da rua Teodoro Baima: Normalopatas, escrita e dirigida por Dan Nakagawa, ator e músico que se lança como encenador já cheio de cartas na manga. Uma delícia trash com direito a todos os clichês do gênero que consagrou Ed Wood... Na Casa Donanna, belíssimo palacete situado nos Campos Elíseos, uma divertida imersão no universo de Tenessee Williams: Hotel Tenessee, que faz a gente se sentir em um hotel de verdade enquanto assiste a cenas extraídas de peças do dramaturgo americano... Coisas de São Paulo que vão nos entretendo e a gente nem sente o tempo passar. E vamos em frente que até o fim do ano muita água vai rolar por baixo da ponte, ainda teremos uma sinistra eleição na qual o principal é que consigamos conter Bolsonaro e fazê-lo voltar para as trevas de onde nunca deveria ter saído... E que setembro nos seja leve!
Nas fotos, o inquietante cartaz de Normalopatas e interior do Hotel Tenessee.
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
A OUTRA MULHER
Sou fã de Daniel Auteuil desde que morei em Paris, no começo dos anos noventa. Ele é um excelente ator de teatro e de cinema e nos últimos anos tem dirigido também. Amoureux de Ma Femme, seu mais recente filme, é uma deliciosa comédia de casais, bem nos moldes dos filmes de Woody Allen, de quem também sou fã declarado. Aqui no Brasil o filme recebeu o título de A Outra Mulher. Que vem a ser uma adaptação da peça L'Envers du Décor, que Daniel protagonizou no teatro. Fui por acaso ao cinema no meio da tarde de segunda-feira, como normalmente faço. E não poderia ter feito escolha melhor: Era exatamente o que eu buscava! Diversão, beleza, Paris, bons diálogos, excelentes atores e muitas risadas. Um filme leve, curto, extremamente agradável de se assistir. Adorável, numa palavra. Ou adorable, como dizem os franceses... Daniel continua très en forme. Lembro de tê-lo visto no teatro em uma montagem de Les Fourberies de Scapin, de Molière. Ele estava no auge da sua carreira no cinema, uma grande estrela, e voltava aos palcos com uma performance de tirar o fôlego. Desde então eu segui prestando atenção aos seus trabalhos. Hoje, maduro e de cabelos grisalhos, segue cheio de charme e com o timming cômico ainda mais apurado. Seu partner em cena nesse filme é Gérard Depardieu, outra lenda viva do cinema francês. Um levanta a bola e o outro corta, um passa e outro chuta em gol. Some-se os talentos de Sandrine Kiberlain e da belíssima Adriana Ugarte e o pacote está completo. Imperdível, para dizer o mínimo. Um filme de atores, de atuações. Excelente para quem gosta de uma boa historia e boas interpretações.
Na foto, da esquerda para a direita: Daniel Auteuil, Sandrine Kiberlain, Adriana Ugarte e Gérard Depardieu em cena de A Outra Mulher.
Na foto, da esquerda para a direita: Daniel Auteuil, Sandrine Kiberlain, Adriana Ugarte e Gérard Depardieu em cena de A Outra Mulher.
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
ARETHA SINGS THE BLUES
Eu sei que as verdadeiras divas não morrem nunca porque são imortalizadas através de suas canções. Mas dá uma dor no coração saber que Aretha Franklin nos deixou... Essas, desse quilate, não deveriam mesmo morrer nunca. Mas assim é. E por assim ser, a gente acaba, com o tempo, aceitando. Felizmente sua obra está aí, à nossa disposição, e é vasta. Meu amigo Edson Cordeiro diz que eu sempre lhe apresento novos cantores e cantoras. Mas talvez ele nem se lembre que quem me apresentou Aretha foi ele, quando era meu vizinho aqui nos jardins. E, desde aquele dia, a canção Drinking Again passou a ser um dos hits da trilha sonora da minha vida. Quando ouvi Amy Winehouse pela primeira vez achei que fosse Aretha no primeiro acorde. Amy, a criatura, partiu antes de Aretha, a criadora. Sofro muito quando todas elas nos deixam. Como consolo me restam suas canções... Por isso, de agora em diante, na hora em que eu acordar, antes mesmo de me maquiar, farei uma pequena prece para Aretha... E pedirei um pouco de respeito também!
Na foto, Aretha fazendo o que fazia como ninguém: Cantar.
Na foto, Aretha fazendo o que fazia como ninguém: Cantar.
terça-feira, 14 de agosto de 2018
TRÊS HOMENS NUS
Meses atrás tive a oportunidade de assistir a um espetáculo muito interessante: (H3O)mens. O título curioso revelava não menos curiosa proposta: Em cena, numa mistura de teatro, dança e performance, três homens nus abordam a masculinidade em todas as suas possibilidades. A nudez dos integrantes é total e explícita do início ao fim do espetáculo. Mas qualquer possível estranhamento passa logo nos primeiros minutos. O que permanece é a naturalidade dos corpos nus sobre a cena. Sem preconceitos, experimentando-se, descobrindo-se, tocando-se. Eles dançam, fumam, bebem, brigam, lutam, dublam, emocionam e fazem rir. O pênis, que diga-se de passagem é raramente mostrado onde quer que seja, aqui é exposto e desmistificado. Além de totalmente desvinculado da ideia de sexo ou pornografia. É, inclusive, em alguns momentos, alvo de muito humor. Como na cena em que os atores bailarinos os vestem com perucas, óculos, cigarros, chapéus, transformando seus genitais em divertidas marionetes. Fora toda essa ousadia da proposta, a peça tem uma trilha sonora muito linda. Que em vários momentos me fez ficar pensando para longe da sala de espetáculo... Durante muito tempo a nudez foi para mim um mistério e um tabu. Tive uma formação antiga, que me fazia crer que o corpo não devia ser mostrado. Para se ter uma ideia, meu pai nunca tirou a roupa na minha frente. Só fui ver um homem adulto nu pela primeira vez quando já era adolescente, no vestiário da piscina do clube. Mas sempre tive, talvez por isso mesmo, um certo fascínio pela nudez. E no interior do Rio Grande do Sul dos anos setenta, era muito raro uma criança ou adolescente ter acesso a qualquer tipo de material desse tipo. Não havia internet, google, nada. Um dia descobri, no armário de livros da minha avó - que era uma leitora compulsiva tal qual eu me tornaria - um livro sobre naturismo. No meio deste livro havia algumas páginas ilustradas com fotos de pessoas nuas ao ar livre. Fotos pequenas, tiradas de longe, mal dava pra se ver os genitais. Mas uma delas trazia a foto de um homem nu de página inteira. Nu frontal, com direito a pau, saco e pentelhos. Consigo lembrar até hoje o calafrio que me percorreu e as batidas do meu coração enquanto pensava se a arrancava ou não para mim. Claro que acabei arrancando. Depois dobrei várias vezes, até que coubesse na minha carteira. Cada vez que eu ficava sozinho e desdobrava a pequena página ela vinha mais quadriculada e com menos visibilidade. Até que os quadradinhos começaram a se separar e não teve mais jeito... Hoje a nudez está ao alcance de todos. Há inclusive uma moda de postar “nudes” nas redes sociais. Eu, que não gosto de ficar de fora de nenhuma tendência, depois de ter feito um workshop de modelo vivo (que já contei aqui no blog), posei nu para dois fotógrafos: O gaúcho Gilberto Perin e o coreano residente em São Paulo Leekyung Kim. Fiquei bastante satisfeito com ambos. Mas uma coisa ainda não fiz, em mais de trinta anos de carreira: Nunca fiquei nu em cena. Espero poder realizar esse sonho logo, antes que tudo despenque irremediavelmente... A companhia que apresentou esse interessante espetáculo é de Ribeirão Preto. E não sei se ainda estão com ele em cartaz ou em repertório. Mas eu o considero fundamental. Principalmente nesse momento em que uma nova onda de caretice acena de todos os lados. E urge que seja espantada. Com muito bico de seio, muita chochota, muito pau, saco e bolas. E bundas também. De todos os sexos... Ah, quase esquecia: O espetáculo está postado na íntegra no youtube. É só digitar lá: (H3O)mens – Cia 4 pra Nada. Imperdível...
Nas fotos, três momentos do espetáculo (H3O)mens da Cia 4 pra Nada.
Nas fotos, três momentos do espetáculo (H3O)mens da Cia 4 pra Nada.
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