sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CORRUPÇÃO

Com os últimos acontecimentos que tem aquecido as discussões no nosso país, desde a ida dos jovens às ruas para protestar até as mais recentes prisões dos réus do mensalão, a palavra corrupção voltou à voga. Acho que não era tão pronunciada assim desde o impeachment do Collor e seu envolvimento com PC Farias. É tanto, que ela se desgastou. Virou uma espécie de abstração contra a qual todos bradam e por cujo fim todos clamam. Acho válido. E antes que me enquadrem nesse ou naquele lado, deixo claro que meu post não é político. É, antes, meramente filosófico. Uma tentativa de reflexão sobre um conceito. Todas as manifestações contra a corrupção e a favor da sua punição são válidas. A gente só não pode esquecer que a corrupção não tem partido político: É comum a todos eles. Não é nem ao menos privilégio da direita ou da esquerda. Aliás, esses também são dois conceitos que precisam de reflexão. A corrupção não é exclusividade das elites, tampouco. Ela está presente em todos os segmentos da sociedade. Dos altos escalões da indústria e do comércio até o armazém da esquina. Dos grandes especuladores ao flanelinha que estorque dinheiro de quem só quer deixar o carro estacionado na rua. Que, por sinal, é de todos. No próprio meio artístico, ao qual pertenço, não se enganem, ela também se faz presente. Em lugares onde muitos acreditam estar a salvação, como a igreja, lá também ela está. Muitas vezes ela está dentro da nossa casa, bem na frente do nosso nariz. Os tempos estão bicudos, eu sei. E o desejo do olho por olho, da justiça com as próprias mãos ou até o simples jogar pedras, aflora com maior facilidade, antes mesmo que a gente consiga parar para refletir. Não podemos esquecer que a corrupção também aquece o mercado, vende revistas e periódicos, faz índices de audiência dispararem. Mas é sempre bom rever posturas antes de fazer alarde. De nada adianta gritar fora corruptos e sonegar impostos. Falar mal de políticos e ser inadimplente com o condomínio. Pintar a cara e sair para protestar sem cumprimentar o porteiro. Criticar a má distribuição de renda do país e pagar mal os empregados. Vamos sim acabar com a corrupção e punir todos os corruptos. Começando por nós mesmos, nossa família, nossa casa, nossos amigos, nosso trabalho, até que alcancemos nossa cidade, estado, país, continente, planeta, universo... Na foto, Chico Anysio encarna Justo Veríssimo no traço de Aroeira.

2 comentários:

  1. Geniais texto e pensamento. Voto MUITO em vc, Rob!

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  2. Concordo plenamente, é um post filosófico. De que adianta ir para rua manifestar-se contra a corrupção e na volta comprar um dvd pirata para assistir com os amigos. No meu entender corrupção não existe graduação de mais ou menos, foi tão corrupto quanto aqueles que foram 'condenados' durante a manifestação.

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