Eu sempre andei de bicicleta. Desde pequeno. Ou melhor, desde muito pequeno, visto que pequeno eu sou até hoje. Sim, eu disse bicicleta. Como bem cantou Simone no especial infantil Casa de Brinquedos, de Toquinho: B-I-C-I-C-L-E-T-A, sou sua amiga bicicleta! E para mim ela continua tendo esse nome, não virou bike. Sempre vi essa atividade como algo natural, simples, divertido e, sobretudo, sem regras. Andar de bicicleta só por andar, sem rumo e sem objetivo, eu sempre achei o máximo. E usa-la como meio de transporte, ainda mais legal, pois une o útil ao agradável. Ponto. Não há nenhuma ideologia ou postura política em torno dessa prática. Nunca precisei de capacete, equipamento ou ciclo-faixa. Nem nunca me proclamei sustentável ou ecologicamente correto ou qualquer desses novos conceitos. Novos, não. Desgastados, déjà. Comecei ainda em Soledade, com oito ou nove anos, na minha incrivelmente estilosa Monark Tigrão. Todos os meninos da rua, para não dizer da cidade, a cobiçavam. Mais tarde, já com dez ou onze anos, ganhei minha segunda companheira inseparável: A Monareta. Minha Monareta era vermelha, linda. Eu ia a quase todos os lugares com ela: Na padaria, na aula de piano, na casa dos primos, passar o fim de semana na casa da minha avó. Ficamos juntos até os meus catorze anos, quando mudei para Porto Alegre e comprei uma Caloi Peri prateada, a qual singelamente batizei Solange. Solange rodou comigo muitos anos, quilômetros e histórias. Muitas histórias. Quando ia passar as férias em Soledade ela ia comigo e batíamos os paralelepípedos das ruas e o pó das estradas. Em Porto Alegre, ela me levava para as aulas da Faculdade de História, na Puc, em apenas quinze minutos. Diferente do ônibus, que chegava a levar quase uma hora... Quando Solange foi roubada da portaria do meu prédio, senti como se tivesse perdido um ente querido. Após período não muito longo de luto, meus pais me presentearam com uma Caloi Cruizer. Essa chegou a vir embora comigo para São Paulo e a tive até bem pouco tempo. Atualmente tenho uma Dahon, pequena, leve, portátil, que fica no meu quarto mesmo. Ela é toda dobrável e fica praticamente do tamanho de uma pizza. Tá, admito que estou exagerando um pouco. Mas o fato é que já consegui leva-la para Ilhabela no porta-malas de um Fiat Uno! Além de passear com ela nos parques da cidade, uso minha bicicleta para ir a testes, reuniões, ensaios e, até mesmo, a espetáculos. Tenho mais de quarenta anos de ciclismo. Logo, posso modestamente afirmar: Não há nada mais chato, careta, sem graça e anti-libertário do que uma ciclo-faixa. Pronto, falei. Acho patéticas aquelas filas indianas de adultos e crianças na Avenida Paulista, guiados como ovelhas em um rebanho e sendo parados a cada faixa ou sinal por aqueles bandeirinhas insuportáveis. Com tantos lugares pra se andar de bicicleta em São Paulo, porque, raios, as pessoas escolhem a Paulista? Pobres bikers com suas regras, posturas e equipamentos caríssimos. Saudade dos campos de Soledade...
Nas fotos, eu com meus primos de Curitiba na Tigrão e cheio de charme solo na Monareta.
Nas fotos, eu com meus primos de Curitiba na Tigrão e cheio de charme solo na Monareta.
Nada mais chato que ciclovias. Aliás, ciclistas, organizados ou não, andam muito chatos. Ainda não decidiram se vão pela rua ou pela calçada, no fluxo ou contrafluxo do trânsito, braço esquerdo estendido ou abaixado, 20 ou 30 por hora. Bicicleta não resolve o problema de trânsito numa cidade como São Paulo que precisa ser pensada em termos de transporte coletivo. Acho lindo andar de bicicleta... no seu bairro, perto da praça ou na corrida de morro. Não precisa de transfusão de sangue, anabolizantes ou o escambau. Quer andar de Bike? Faça como o Roberto: divirta-se.
ResponderExcluirTambém sempre andei de bicicleta, passava a tarde passeando com a minha magrela pela minha cidade natal em companhia das amiguinhas. Filha de ciclista, não poderia ser diferente.
ResponderExcluirEu acho ciclovias essenciais pelo simples fato de que muitas pessoas utilizariam a bicicleta como meio de transporte se tivessem a segurança de uma ciclovia. O trânsito aqui em Porto Alegre anda um caos e poderia se beneficiar muito dessas pessoas que trocariam o carro pela bicicleta para trajetos curtos se houvesse ciclovias. Essa falta de segurança é o que me faz adepta do bom e velho ir a pé (ou ir de a pé, como dizem no interior) e uso minha bicicleta apenas para fins esportivos, pois já fui quase atropelada muitas vezes para conseguir andar com tranquilidade.