domingo, 22 de janeiro de 2023
22 DE JANEIRO
Hoje Marília Pêra completaria oitenta anos de idade se ainda estivesse entre nós. Que lástima ela ter nos deixado tão cedo. Marília era minha atriz preferida. Tive paixões, como Lucelia Santos, por exemplo. Mas atriz, a melhor para mim sempre foi ela. Não tinha Bibi nem Fernanda que batessem. A primeira vez que a vi no teatro foi em Adorável Julia, de Somerset Maugham, no teatro do Copacabana Palace, no Rio. Eu era muito jovem, sem critérios para uma apreciação técnica ou crítica da obra encenada, mas saí daquele teatro encantado. Muito mais com ela do que com o espetáculo em si. Depois vieram inúmeros outros: Brincando em Cima Daquilo, Estrela Dalva, Elas por Ela, A Prima Dona, Master Class, Vitor ou Vitória, Mademoiselle Chanel e muitos mais. Sem falar nas novelas, nas quais reinava soberana roubando a trama para si, como em Brega e Chique, em que viveu a impagável Rafaela Alvaray. E a mini-série Primo Basílio, na qual interpretou a megera Juliana que ofuscava até mesmo a jovem protagonista Giulia Gam... Tive a honra, o prazer, a graça de estar presente na festa de aniversário dela no ano de 2005, quando estava em cartaz no Rio de Janeiro com a Terça Insana. Episódio que já narrei aqui no blog, quando uma constelação de estrelas se reuniu no apartamento de Marília para brindar o dia de seus anos. Entre elas, outra diva merecedora da minha adoração mais profunda: Zezé Motta. Na ocasião, as duas presentearam os convidados com o dueto de Sem Fantasia, que cantavam na peça Roda Viva, de Chico Buarque de Holanda (Aquela que a polícia da ditadura invadiu o teatro e bateu no elenco). Foi Zezé que lembrou em post de seu Instagram que hoje era o aniversário de Marília. Hoje também aniversaria minha amiga Agnes Zuliani, grande atriz paulistana com quem tive o prazer de dividir o palco da Terça Insana durante anos e dirigí-la ao lado de Grace Gianoukas em O L Perdido. Dia importante este 22 de janeiro, que trouxe ao mundo estrelas do nosso teatro. Daqui a três dias será o aniversário de São Paulo, essa terra que me acolheu quando cheguei, há 27 anos, cheio de sonhos, ilusões e expectativas, com minha mala e minha cuia de chimarrão. Parabéns a Marília, a Agnes e a São Paulo, a Pauliceia que recebe a todos, agrega, mescla, mistura e reinventa. Amo de coração todas as três. Espero poder comemorar por muitos anos essa data tão significativa do nosso calendário. Joyeux Anniversaire!
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
TÂNIA FAZ 80
Ultimamente muita gente bacana tem chegado aos oitenta anos de idade. Ney Matogrosso, Gil, Caetano, Milton Nascimento e Roberto Carlos, para citar alguns. Pois no último Natal foi a vez da radialista, jornalista, cantora, atriz e apresentadora de TV Tânia Carvalho entrar para essa turma. Sim, ela nasceu no mesmo dia do Menino Jesus. E como sempre ditou tendências, ouso dizer que os oitenta, agora, são os novos quarenta... Desde a mais tenra idade eu já era fã da Tânia, de vê-la nos programas e comerciais de TV. Lembro especialmente de uma propaganda da Joalheria Masson, cujo slogan era: Masson, joalheiros há 104 anos. Um ano depois era o filho, no colo dela, que dizia o slogan. E ela corrigia: 105, Fabiano! Quando comecei minha carreira, lá pela metade dos anos oitenta do século passado, ela foi a primeira entrevistadora com quem me senti completamente à vontade para dar entrevistas. Eu me sentia em casa nos programas dela. Como se estivesse batendo um papo descontraído com uma velha amiga. E era isso o que de fato acontecia. E acontece até hoje. Quando eu já havia me tornado um diretor de teatro premiado, já tinha morado em Paris e no Rio de Janeiro, voltei para Porto Alegre com o objetivo de montar um texto do saudoso professor e amigo Ivo Bender, chamado Sexta-feira das Paixões. Convidei Tânia para fazer parte do elenco e ela me encheu de felicidade aceitanto o meu tímido convite. Chegamos a fazer duas leituras da peça na casa dela, onde fomos recebidos com muito carinho. E vinho branco, bien sûr. Mas ela acabou me confessando que tinha muita dificuldade para decorar textos e que o teatro (ao contrário de Torres) não era a praia dela. Foi com dor no coração que aceitei sua saída do elenco e a substituí pela também saudosa Claudia Meneghetti. Mesmo assim Tânia teve colaboração importantíssima no espetáculo: Foi ela que me apresentou aos boleros de Eydie Gormé, que fizeram parte da trilha sonora da peça e um deles chegou a dar título à montagem: Mala Noche... No último ano que morei em Porto Alegre, antes de me mudar de vez para São Paulo, voltei a trabalhar como ator em um show performático em que fazia dupla com Marione Reckziegel. Éramos os "famosíssimos" The Love Singers e nosso pocket show se chamava Amor à la Carte. Pois a primeira entrevista de TV a que fomos, que nos lançou para o público gaúcho, foi justamente no Câmera Dois, programa que ela apresentava ao lado de Clovis Duarte na TV Guaiba. Quando Tânia entrou no estúdio e nos viu sentados na pequena arquibancada esperando para sermos entrevistados falou: Ai que sonho! Já to vendo o ônibus de vocês parado lá fora, igual ao da Priscila, Rainha do Deserto. Adorable... Teria muito a lembrar e a contar sobre a Tânia e a minha paixão por ela. Mas a ideia é comemorar os seus oitenta anos. Ela chega aos oitenta mais linda, sacudida e vibrante do que nunca. Amo suas dicas literárias no Instagram. Recentemente me diverti muito voltando da praia de ônibus enquanto escutava nos fones de ouvido a entrevista dela a Ivan Mattos e Cássia Zanon no podcast Olha Só Porto Alegre, no qual contou de forma descontraída e hilariante sua trajetória desde que chegou na cidade ainda menina, vinda de Bagé. Imperdível. E por falar em Porto Alegre, a cidade tem sua estrela e ela se chama Tânia Carvalho. A foto que ilustra o post foi presente dela para mim, quando fui ao programa de rádio que ela apresentava com Magda Beatriz e que ia ao ar nas noites de sábado. No verso da foto ela escreveu: "Roberto, a minha ausência sempre presente. Da sempre, sempre, sempre tua, Tânia Carvalho". Guardo como uma joia. Feliz oitenta, minha musa, minha diva, minha deusa!
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