quinta-feira, 29 de outubro de 2020
DIA NACIONAL DO LIVRO
Não sei o que seria de mim sem os livros, esses meus companheiros inseparáveis de trajetória. Desde muito cedo me acenaram com possibilidades infinitas. Quando eu ainda era criança e não conhecia nada do mundo e nem da vida, me abriram janelas com vistas para novos horizontes. Uns possíveis, outros nem tanto. Mas já era um alento para quem se sentia tão só e limitado no mundo... Depois, na juventude, me apresentaram a quimera, a metáfora, a possibilidade de transformar os sonhos em realidade... Na idade adulta me brindaram com cultura, conhecimento e auto-conhecimento. Hoje, nessa antessala da velhice em que me encontro (embora ainda adolescendo tardiamente), isolado em casa por conta de uma pandemia, são a minha melhor companhia. Creio ter vivido muito mais através deles do que da minha própria vida. Amo-os. Sem eles eu não vivo. De Lobato a Murakami, passando por Clarice, Caio, Bivar, Quintana e todos os clássicos e contemporâneos... Hoje é o Dia Nacional do Livro e venho aqui homenageá-lo. Que cada vez mais pessoas se interessem por eles. Que o acesso a eles seja cada vez mais amplo e plural. Que o hábito da leitura seja plantado cada vez mais cedo na vida das pessoas. Só assim teremos alguma chance de sair dessa e nos tornarmos um país melhor. E, para terminar citando Caetano Veloso: "Os livros são objetos transcendentes. Mas podemos amá-los do amor táctil que votamos aos maços de cigarro. Domá-los, cultivá-los em aquários, em estantes, gaiolas, em fogueiras, ou lançá-los para fora das janelas"...
Nas fotos, meu exemplar autografado de O Crepúsculo do Macho, de Fernando Gabeira, um dos que eu lia quando ainda engatinhava na vida.
sábado, 17 de outubro de 2020
RECONECTE-ME
Outubro, antepenúltimo mês do ano, reconecte-me por favor! Ando tão sem palavras... Observo Lina, minha gatinha, que dorme enrodilhada, parecendo um croissant. Sempre penso em perguntar ao Google por quê os gatos dormem tantas horas por dia e acabo esquecendo. Lina, reconecte-me para que a partir de hoje texto não me falte... Dona Fernanda Montenegro fez aniversário e noventa por cento dos meus colegas de profissão postaram fotos com ela nas redes sociais. Me senti tão excluído. Será que só eu não tenho foto com Fernanda Montenegro? Assisti a inúmeras peças protagonizadas por ela. Admiro-a como a grande dama do teatro que é. Mas sempre fui mais Marília Pera. Com Marília eu tenho foto. Marília, reconecte-me, quero acabar de escrever o que me cabe... Tenho assistido de maneira viciada à série australiana Please Like Me, de e com Josh Thomas. Ela me faz sentir jovem novamente. Humor cáustico, politicamente incorreto, às vezes cruel e muito, muito irônico. Adoro ironias. Principalmente nesses tempos ao pé da letra que estamos vivendo, onde tudo tem de ter imagem e legenda. Fico pensando como serão os adultos da Austrália, se os jovens já são assim. Ah, e a série tem no elenco a maravilhosa Hannah Gadsby, do viralizado stand up comedy Nanette, do qual já falei aqui. A trilha sonora é uma delícia e estou escrevendo ao som dela. Tem no YouTube. Josh, reconecte-me ainda que mais não seja porque sou comediante também... O dono da lavanderia, que é gaúcho como eu, me perguntou quando eu iria ao sul novamente. Ele já está atendendo sem máscara, ainda que detrás de uma placa de acrílico. Disse que não tenho coragem de entrar num avião e que, para mim, a quarentena ainda não acabou. Ele me respondeu: Não precisa ter tanto medo assim da pandemia, isso é muita política também. E eu: Não vou arriscar minha vida por causa de política. Ele: Ah, é. A gente tem que se cuidar. Deus, reconecte-me, lutando contra as misérias do cotidiano. Reconecte-me por isso... (Livremente inspirado no poema de Maiakovski).
Na foto, Josh e seu cãozinho.
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