Ah, o mês de setembro, tão aguardado, chegou chegando e já está quase no fim! Oh my blog, esse é apenas o terceiro post do mês... A agenda social tem sido intensa, com jantares chez les copains, e a cultural não menos, com shows, leituras e peças de teatro. Ainda cheio de coisas para assistir, que a oferta aqui na Pauliceia é imensa, e fazendo uma seleção, já que os preços também são imensos. Fiquei encantado com o filme Chocolate, não o americano de 2000, com Juliette Binoche, e sim o francês, de 2015, com Omar Sy, o inesquecível Driss de Os Intocáveis. Filmes que retratam o mundo do circo geralmente me comovem. Não foi diferente com Sangue Azul, de Lírio Ferreira, nem com O Palhaço, de Selton Mello, e nem tampouco com La Strada, clássico de Federico Fellini. Mas esse tem o charme especial de se passar em Paris e mostrar bastante o Cirque d'Hiver, um dos meus lugares preferidos na capital francesa onde assisti pela primeira vez, no começo da década de noventa, a um espetáculo do hoje mundialmente famoso Cirque du Soleil. Omar Sy é puro carisma em cena, além de ser um ator talentosíssimo. Lembrei dos meus tempos na École du Cirque Fratellini que, por sinal, é citada no filme... Setembro trouxe também Gilberto Gavronski, Luís Arthur Nunes e Marcos Breda relendo Caio Fernando Abreu, e Cida Moreira fazendo homenagem a ele junto a Thiago Pethit. A primavera entrou parecendo mais uma extensão do inverno do que uma prévia do verão. E vamos vivendo aqui nessa selva de pedra, cada dia mais reveladora de mistérios e encantamentos. Mas atenção! É preciso estar atento e forte. E de olhos bem abertos, pois São Paulo não é nada óbvia e precisa ser decifrada a cada nova estação. Boa primavera para todos...
Na foto, Omar Sy esbanjando talento & simpatia no affiche de Chocolate. Ah! O título do post peguei emprestado da canção de Kurt Weill.
domingo, 25 de setembro de 2016
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
CAIO MON AMOUR
Que bom que entrou setembro e a boa nova anda nos campos! Hoje o saudoso Caio Fernando Abreu completaria sessenta e oito anos de idade. Seu aniversário está sendo comemorado à altura, com intensa programação que começou ontem com a abertura da exposição Caio Mon Amour. A curadora, Paula Dip, me convidou para apresentar seu texto As Quatro Irmãs-Uma Psico-Antropologia Fake, mais conhecido como A Lenda das Jaciras. Foi emocionante ver vários amigos e admiradores de Caio reunidos comemorando seu aniversário e perpetuando a sua memória. Uma menina me abordou perguntando: O senhor é ator? Adorável. Quando disse a ela que conheci Caio em Paris no ano de 1991, ela me disse que nasceu em 1993... Outro garoto que me entrevistou para um site me perguntou qual era, na minha opinião, o maior legado de Caio. Respondi que, além de sua obra, essa possibilidade de se perpetuar através das novas gerações via internet. Caio virou uma espécie de ídolo virtual de toda uma nova geração que está conhecendo sua obra agora. Como a menina que me perguntou "o senhor é ator"... E as homenagens seguem. Hoje tem, simultaneamente, em Porto Alegre e aqui em São Paulo, dois espetáculos. No sul, Luis Arthur Nunes e Marcos Breda apresentam O Homem e a Mancha. Aqui, Gilberto Gavronski retoma a sua Dama da Noite. Como não posso estar nos dois lugares ao mesmo tempo, assistirei hoje à Dama de Gilberto e, no sábado, ao Homem e a Mancha que Luis Arthur e Breda trarão para a Pauliceia. Na quinta ainda teremos Cida Moreira e Thiago Pethit e muito mais... Caio está em festa. Comemorado dignamente. E lá se vão vinte e cinco anos desde que nos conhecemos em Paris, numa fria tarde de inverno... Outro dia, quando contava para alguém como nos conhecemos, essa pessoa me perguntou: Você não tem nenhuma foto com ele? Não, respondi frustrado, não tenho. Naquela época a gente não fotografava tudo o tempo todo como faz agora. Depois, puxando pela memória, lembrei: Tenho uma única foto com Caio. Na festa do meu aniversário de trinta anos em Porto Alegre. Vou procurar e escanear para postar aqui. Por enquanto, Viva Caio Fernando Abreu!
Na foto, roubei o lugar de Cazuza no abraço de Caio clicado por Vânia Toledo.
Na foto, roubei o lugar de Cazuza no abraço de Caio clicado por Vânia Toledo.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
RUA DOS CATAVENTOS
Que falta faz Mario Quintana. Descobri isso hoje pela manhã enquanto aguardava para ser atendido por minha dentista. Na verdade, minha amiga Anne que, por coincidência, é também quem cuida dos meus dentes há mais de trinta anos... Pois na sala de espera do consultório da minha amiga/dentista, ao invés de Caras ou Super Interessante, o cliente espera lendo Clarice Lispector ou Mario Quintana. Um luxo. De um requinte surpreendente nessa era de banalidades e superficialidades que vivemos. Me dei conta de que não lia Mario há muito tempo. Apesar de ter quase tudo dele em casa. É sempre bom folhear seus livros e, totalmente ao acaso, encontrar as coisas mais inacreditavelmente apropriadas. Como aconteceu comigo nessa manhã de inverno em Porto Alegre, quando folheava A Rua dos Cataventos e me deparei com os versos que transcrevo a seguir:
"Eu nada entendo da questão social. Eu faço parte dela, simplesmente... E sei apenas do meu próprio mal, que não é bem o mal de toda a gente.
Nem é deste planeta... Por sinal, que o mundo se lhe mostra indiferente! E o meu Anjo da Guarda, ele somente, é quem lê os meus versos afinal"...
Me deu uma enorme saudade de quando eu era jovem e vivia aqui na capital gaúcha. Não raro eu encontrava com o poeta pelas ruas do centro da cidade. Ou quando ia buscar minha irmã, que era jornalista e trabalhava no Correio do Povo, e o via pelas dependências do jornal. Ou na Feira do Livro, na Praça da Alfândega. Naquela época a gente não fotografava tudo obstinadamente como se faz hoje em dia, por isso não tenho foto com ele. Mas tenho seu autógrafo e dedicatória em livros e num caderno meu no qual ele me chama de colega, pois eu me dizia poeta na ocasião... Bons tempos! Fiquei lembrando do meu livro de leitura do curso primário, que trazia em uma das páginas o seu poema Dorme Ruazinha... É tudo escuro!... Não consigo imaginar sua delicadeza em meio à descortesia reinante nos dias atuais. E, para encerrar citando o próprio, "eles passarão; eu, passarinho"...
Na foto, Quintana em seu habitat natural: As ruas do centro de Porto Alegre.
"Eu nada entendo da questão social. Eu faço parte dela, simplesmente... E sei apenas do meu próprio mal, que não é bem o mal de toda a gente.
Nem é deste planeta... Por sinal, que o mundo se lhe mostra indiferente! E o meu Anjo da Guarda, ele somente, é quem lê os meus versos afinal"...
Me deu uma enorme saudade de quando eu era jovem e vivia aqui na capital gaúcha. Não raro eu encontrava com o poeta pelas ruas do centro da cidade. Ou quando ia buscar minha irmã, que era jornalista e trabalhava no Correio do Povo, e o via pelas dependências do jornal. Ou na Feira do Livro, na Praça da Alfândega. Naquela época a gente não fotografava tudo obstinadamente como se faz hoje em dia, por isso não tenho foto com ele. Mas tenho seu autógrafo e dedicatória em livros e num caderno meu no qual ele me chama de colega, pois eu me dizia poeta na ocasião... Bons tempos! Fiquei lembrando do meu livro de leitura do curso primário, que trazia em uma das páginas o seu poema Dorme Ruazinha... É tudo escuro!... Não consigo imaginar sua delicadeza em meio à descortesia reinante nos dias atuais. E, para encerrar citando o próprio, "eles passarão; eu, passarinho"...
Na foto, Quintana em seu habitat natural: As ruas do centro de Porto Alegre.
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