quinta-feira, 25 de outubro de 2012


ADORÁVEL TATATA
Quem nos apresentou foi meu querido mestre e amigo, o Professor Ivo Bender. Assim mesmo, com letra maiúscula. Professores de verdade, o Ivo  e o Roberto Pimentel, carinhosamente chamado Tatata, meu chará. Ontem o Tatata se foi. Nos deixou, pelo que soube, dormindo. Só tenho boas lembranças desse que era mestre não só da enorme cultura que possuia mas, também, da alegria, do bom humor, da comunicação. Suas tiradas eram inesquecíveis e invariavelmente viravam gírias entre os amigos do teatro. Como o  "ficaste louca?" Que ele uma vez mandou na minha cara, em Florianópolis, quando eu, em plena praia, disse que gostaria de perder o desejo. E emendou: isso tu não vais perder nunca, nem aos noventa anos! Querido... Quando ia a Porto Alegre com as turnês da Terça Insana, eu nunca dormia sem antes assistir ao seu programa na TVCom, no qual ele circulava pela noite gaúcha distribuindo suas pérolas. Até hoje não esqueço do Tatata virando para um belo rapaz que servia champanhe em um evento e perguntando: o que tu fazes? O rapaz: sou garçon. E o Tatata: Ah... Não és manequim? Adorável. Grande apresentador, jornalista, grande homem das letras, das artes, da vida. Vai com os deuses, Tatata!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012



ELE VOLTOU
Gilberto Braga está de volta. De forma discreta e elegante, como é do seu feitio: Ele assina a supervisão de texto da novela das seis, Lado a Lado. Que prazer encerrar as tardes de primavera, ainda com sol devido ao horário de verão, assistindo a mais essa obra com o toque de Midas do meu autor de novelas preferido. A trama e os atores são ótimos. A novela é interessantíssima, pois mostra como surgiram diversos hábitos e costumes até hoje muito característicos do Brasil, como o futebol e a capoeira. O surgimento das favelas, nos morros. O alargamento das avenidas, ao estilo dos bulevares parisienses. É uma visita ao passado com olhar crítico de hoje em dia. Dá uma sensação que muito pouca coisa mudou. No bom e no mau sentido. A reconstituição de época é impecável e possibilita um passeio pelo Rio de Janeiro do início da República. Como se não bastasse tudo isso, a trama vem embalada por uma trilha sonora da melhor qualidade. Não consigo deixar de me emocionar com Beth Carvalho cantando O Mundo é um Moinho, de Cartola, ou Alaíde Costa e Milton Nascimento em dueto para Me Deixa em Paz, do antológico álbum Clube da Esquina. Milton Gonçalves e Lázaro Ramos são dois grandes atores, vê-los contracenando é como assistir a uma aula de interpretação. É no mínimo reconfortante em tempos de remakes e Glória Perez...
Na foto, Gilberto em si, como veio ao mundo.

sábado, 20 de outubro de 2012


EXAGEROS
Eu sei que exagero um pouco. Mas não consigo deixar de sentir uma certa onda de exageros no ar. Na cidade. No país. Na internet. Tá, no mundo. Divergências demais, concordâncias demais. Redes sociais demais. Em relação a qualquer coisa, qualquer assunto, opiniões muito exacerbadas. Seja a respeito de política, futebol ou televisão. Cultos desmesurados a uma determinada novela. Críticas desmesuradas a essa mesma novela. A esse ou àquele partido ou candidato. Fala-se demais, faz-se muito barulho por nada. Ou por o que quer que seja. Compra-se muito. Viaja-se muito. Ouve-se música muito alto. E como fala-se alto! Na rua, no ônibus, no restaurante, no cinema, no teatro. Usa-se muito o celular. Que, evidentemente, fica ligado no silencioso durante qualquer ocasião. Há exageros na moda, na gastronomia, na enologia. As saias estão curtas e justas demais, os saltos, altos demais. Os cabelos, lisos demais. Os corpos, sarados e tatuados demais. As caras plastificadas demais. Os perfumes são fortes e doces demais. Ta parecendo a música da Maysa: Todos acham que eu bebo demais, que faço anedotas demais... Saudades desse tipo de exagero: O do bom gosto. Maysa. Elis. Cazuza, o exagerado-mor, que seja. Há vinhos demais, uvas demais, terroirs demais, someliers demais, winebares demais. Há cebola roxa demais, fleur du sel demais...Há profissionais capacitados para fazer coisas demais. Outro dia, no Ritz, uma moça me deu seu cartão dizendo ser Personal Organizer... Me disse que, se eu quisesse, ela viria na minha casa e colocaria tudo em ordem: De cuecas a CDs! Também há humor demais, por toda parte: No teatro, nos barzinhos, na TV aberta, na TV a cabo, na rua, na chuva, na fazenda. Há humor no camelô. Se bobear, já tem stand up no sinal, como os meninos que fazem malabares com laranjas... Há carros nas ruas demais. Engarrafamentos demais. As pessoas são importantes demais. Elas tem profissões demais: Basta ler o perfil de qualquer um no instagram: Model, DJ, actor & personal trainer. Ah, tá. Acho que está tudo superlativo. Eu, inclusive.
Na foto, o exagero cult de Jorge Loredo.

terça-feira, 9 de outubro de 2012



LIVRO INSANO
Ando completamente envolvido com mais um projeto insano. Dessa vez trata-se de um livro que estou escrevendo, com o auxílio luxuoso da amiga Paula Dip, sobre a minha experiência na Terça Insana. O que, por sua vez, acaba sendo um pouco a história da própria Terça Insana, já que eu estava lá desde o primeiro dia e lá permaneci por oito anos. Eu já havia começado a registrar a minha história insana há anos atrás, quando estávamos viajando com a nossa primeira turnê. Depois engavetei. Depois, retomei. E esse ano, após vários engavetares e desengavetares, retomei os trabalhos encorajado pela Paula. É que comentei com ela, em uma das nossas idas ao Ritz, sobre o proto livro que engavetara e ela prontamente se dispôs a le-lo e me dar o seu parecer. Após sua apreciação dos meus escritos, Paula me disse que dava samba e pus, sob a sua orientação, mãos à obra. Retomei a escrita, passei a recolher material, fotos e depoimentos das pessoas que de alguma forma se envolveram, direta ou indiretamente, na história da Terça Insana. O processo tem sido muito interessante e tem me absorvido quase que completamente. Estou retomando o contato com gente que não via há um tempão, relembrando fatos, histórias, risadas, brigas, viagens, descobertas y otras cocitas más. E boas. Hoje, por exemplo, passei boa parte da tarde na companhia de Angela Dippe, colhendo seu depoimento. Lembramos pessoas queridas, fizemos um mergulho no passado e, acima de tudo, rimos muito. Já estive também com Carlos Eduardo Miranda, Cida Moreira e Cecília D'Antino. Outros tantos já me enviaram seus depoimentos por e-mail. A própria Grace Gianoukas, criadora e diretora do projeto/espetáculo, já me enviou vasto material e prepara seu depoimento. Outros ainda, estou no pé porque não mandam nunca... Mas acho que no final das contas vai ficar muito legal. Dou notícias aqui no blog... Ah! E aceito sugestões para o título do livro, ok?
Na foto, feita nos primórdios do Next Cabaret, o elenco original.

terça-feira, 2 de outubro de 2012


OUTUBRO
O mês de outubro chegou! Chegou com sol e calor. Outubro chegou trazendo esperanças. Chegou com muitos Miltons reeditados em coleção à venda nas bancas. Com Naras que vem desde setembro. Com a despedida de minha irmã Rita, que voltou pra sua casa em Miami. Minha irmã Regina em Brasilia, minha irmã Raquél na Califórnia, uma verdadeira diáspora de irmãs... Eu sigo em São Paulo outubro a dentro. Esse mês que prenuncia a chegada do verão, do fim do ano, das festas. Outubro já vem florido, na cidade inteira as flores espalham seu colorido. Seus aromas. Tem a nova Praça Roosevelt, recém inaugurada pós-reforma interminável. Tem remake de Guerra dos Sexos, tem a série Em Terapia, de Selton Mello. Tem as eleições para prefeito e vereador, nunca foi tão difícil escolher um candidato, mas, o que fazer, é o que temos para o momento... Os judeus do prédio ao lado entoam cânticos em uma espécie de barraca que armam todo ano nessa época. Fico feliz quando vejo essa barraca sendo montada: Me faz lambrar que vem chegando o verão. E um calor no coração... Setembro não ficou devendo nada, tivemos o Weidy dançando o Bolero de Ravel com o Bèjart Ballet de Lausanne, Philippe Decouflé com seu incrível Octopus, nossa amiga Ciça Meireles dançando Debussy em recital de Ines Stockler no Masp, o mesmo Masp nos mostrou Caravaggio e seus seguidores, deixa ver o que mais, ah!, teve o Cabaret da Claudia Raia, mas esse, abafa o caso...Teve a ópera Pelléas et Mélisande no Municipal, com cabelos e visagismo do meu amigo Cabral. Vinho & papos com Paula Dip. Ou, como dizia Caio, Deep. Infelizmente, setembro nos levou a queridíssima Hebe Camargo... A vida é assim mesmo, fazer o quê! Mas chega de falar de setembro. Outubro acabou de entrar com tudo e mal posso esperar por novembro e dezembro... Uma leitora do blog comentou que adora quando fico melancólico. Pois bem, acabou a fase mágoa. Adentro o novo mês no melhor estilo Polyana, assim uma Regina Duarte de tão catito... Já nadei mil metros pela manhã e aqui em casa Milton segue cantando: Ah, jogar o meu braço no mundo, fazer meu outubro de homem, matar com amor essa dor...
Na foto, euzinho desfrutando o sol de setembro.