quarta-feira, 28 de março de 2012
quinta-feira, 22 de março de 2012
CONDICIONAL
SE as pessoas lessem mais, saberiam escrever corretamente e não veríamos tantos erros de português na internet. SE elas se dessem esse trabalho, até as conversas fluiriam de maneira mais agradável. O modo subjuntivo estaria ao alcance de todos e nunca mais ouviríamos acintes do tipo: Quer que eu passo lá? SE todos assim procedessem, os tempos verbais viveriam em festa. O infinitivo iria pular de alegria. O gerúndio ficaria o tempo todo cantando. Até o futuro do pretérito entraria na dança e tenho certeza de que o particípio ficaria passado! Seria a festa das concordâncias, verbais e nominais. Nunca mais elas gosta. Jamais nós vai. A gente concordamos, nem pensar! Já imaginou como seria bom SE a palavra “onde” fosse usada somente como advérbio de lugar? E não mais ao invés de em que, no qual e nas quais? SE fosse assim todo mundo saberia que advérbio é a palavra que modifica o verbo e isso já seria de um requinte inimaginável... Quem não gostasse, até poderia colocar a culpa em mim. Nunca nimim. Poderiam reclamar com a polícia. Não ca polícia. SE todo mundo resolvesse falar nós ao invés de nóis, eu já ficaria bem mais aliviado. E SE o plural virasse moda? Os meus ouvidos agradeceriam. Sim, ouvidos. São dois... Tudo o que custasse mais de um real teria o preço anunciado em reais, e não ouviríamos mais: Dois real! Dez real! Trinta real... SE fosse assim, a televisão perderia vários apresentadores e a política perderia vários representantes. Aliás, SE eu não me importasse tanto com isso eu seria bem mais feliz. Mas isso é SE...
Na foto, a impressionante biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.
sábado, 17 de março de 2012
terça-feira, 13 de março de 2012
VISITA
Quando ela me visita sou tomado por sentimentos nobres, o momento se reveste de um colorido especial e sou imediatamente transposto para um estado de letargia criativa, mesmo que soe paradoxal, uma espécie de embriaguez produtiva. Por que não dizer, um estado de graça. Nunca tive coragem de tomar um ácido, mas, pelo que me contam, deve ser mais ou menos parecido. As cores adquirem novo brilho e as formas, novas texturas. O que era inerte se move, o silêncio se faz ouvir e até mesmo o que era invisível passa a ser visto. Acho muito difícil viver sem ela. Quer dizer, viver até dá. O difícil é escrever sem ela. É por isso que, às vezes, eu fico dias sem postar nada aqui no blog. Fico esperando por ela, olhando pela janela, batendo pernas na rua, folheando livros e revistas, conversando com amigos, indo ao cinema ou ao teatro, fazendo exercícios físicos, correndo, nadando, malhando; visito exposições, sento em cafés, tomo porres, viajo, volto pra casa, tento, enfim, de tudo. Mas, se ela não vem, não rola. Até rola, mas sem a graça e fluência habituais. Estou falando da inspiração. Às vezes ela parece estar me sacaneando. Só pra ver como é que me saio sem ela. Tudo bem, resolvi me virar sozinho. Estou tentando. Então, como está? Eu sei que não fica tão bom. Parece faltar água a uma planta. Sal à comida. Açúcar ao café. Gelo ao drink... Falta Gertrude Stein à minha geração perdida. Minhas paranoias não tem Piva nem Duke Lee. Sinto muito, mas, às vezes, tudo parece estar em falta. Só o que não presta abunda. E até mesmo minha Paris não é uma festa. Os sons que me chegam aos ouvidos incomodam. Ninguém escuta música boa em alto volume. Música em alto volume é sempre axé, funk, forró ou sertanejo. Nunca Ella Fitzgerald. Jamais Cole Porter. Nina Simone em tempo algum. Sou um solitário ouvinte de Antony Hegarty... Espero que ela venha logo me visitar. Quem sabe no próximo fim de semana? Se ela vier, vou deixa-la fazer o que quiser. Se ela não vier, vou me deitar e ler Baudelaire...
terça-feira, 6 de março de 2012
PASSAGEM DO TEMPO