segunda-feira, 23 de novembro de 2015

PRA MIM CHEGA!

Miguel Thiré precisa ser visto em seu monólogo Pra Mim Chega com urgência! Até porque, essa semana já sairá de cartaz. Só tem mais terça e quarta-feira. Trata-se de one man show. O rapaz é talentosíssimo e encena um verdadeiro tour de force. Ele herdou não apenas a beleza da avó Tônia, mas também o enorme talento. Despudorado, ele encarna seus tipos carioquérrimos até o talo, sem restrições ou barreiras. É um deleite apreciar esse show de interpretação e criatividade. Ele é uma espécie de Pedro Cardoso da nova geração: Expõe cruamente as mazelas, preconceitos e crueldades de seus personagens. Costura suas histórias umas nas outras com habilidade de dramaturgo experiente. Ocupa o espaço vazio do palco como se fosse um grande elenco. E agradece aos aplausos pedindo ao público que divulgue seu espetáculo nas redes sociais, pois trata-se de um trabalho sem patrocínio, feito por ideologia e opção. Dá vontade de levar pra casa... To brincando! Mas, por favor, sem brincadeira: Corra, se jogue, vá assistir sem falta a essa incrível demonstração de inclinação natural para o teatro. É desses espetáculos que não se pode perder...




terça-feira, 17 de novembro de 2015

REZA FORTE

Quem me conhece ou segue o blog sabe do meu caso de amor com Paris e o quanto ele é antigo. Quão antigo ele é eu nem revelo mais com medo de espantar leitores jovens. É antigo. Ponto. E ando, claro, muito triste com os recentes acontecimentos que feriram minha amada cidade. Só que a tristeza em si não é com Paris, e sim com essa demência que é o terrorismo, seja onde for. Todas as campanhas pedem para rezar pela cidade. Precisamos rezar pelo mundo inteiro, ou melhor, pelo ser humano. É ele que está perdido. É ele que sempre foi capaz das piores barbáries. É ele que destrói e mata em nome da fé, do poder, do que for. E alguns seres humanos, do tipo desses que cometem atentados terroristas, nem reza salva. Eu tenho muita fé, apesar de não seguir nenhuma religião, e rezo mesmo, quase diariamente. Mas nesse caso acho que nem reza forte. Nem feitiço. Por incrível que pareça eu gostaria de estar lá em Paris agora. Meio que para tomar conta dela, dos lugares e pessoas de que gosto. Rever cada um dos meus cantinhos preferidos, meus bares, bistrôs, restaurantes, lojas, livrarias, ruas, igrejas, monumentos, parques e jardins. Ter certeza de que nenhum imbecil explodiu minhas coisas amadas, minhas lembranças, meu passado e meu presente. Outra coisa contra a qual não podemos fazer nada é essa inclinação natural do ser humano para a disputa: Primeiro nós, depois eles. Como se nós e eles não fôssemos todos a mesma coisa. Feitos, como disse Shakespeare, da mesma matéria de que são feitos os sonhos. Só que, nesse caso, pesadelos definiriam melhor... Deus, Cristo, Krishna, Buhda, Zeus e toda as mitologias e crenças existentes, oremos com Rita Lee: Deus me perdoe da sua inveja, Deus me defenda da sua macumba, Deus me salve da sua praga, Deus me ajude da sua raiva, Deus me imunize do seu veneno. E, como cantou Cazuza, vamos pedir piedade pra essa gente careta e covarde.

domingo, 15 de novembro de 2015

MURAKAMI DE RESSACA

Depois de dormir não sei quantas horas, ou dias, acordei escritor. Um escritor japonês. O mais importante, expressivo e profícuo da minha geração. Eu era traduzido e lido no mundo inteiro. Um fenômeno de críticas e de vendas. Ou seja, eu teria um longo e complexo dia pela frente. Poderia ter acordado um inseto. Um rapper, uma mulher fruta. Ou, já que era para acordar escritor, que fosse um desses de auto-ajuda, sei lá, pelo menos um Paulo Coelho. Mas não. Do nada, em plena manhã, acordei Murakami. Corri para o computador, inda tonto do que houvera. A tela branca me olhava desafiadora. Onde estão meus personagens? Minhas histórias incríveis, onde se esconderam? Preciso me virar do avesso. Remexer meu passado. Acordar fantasmas adormecidos. Abrir minha mente ao extraordinário. Esse quarto banal, com cama, escrivaninha e janela não vai me levar a lugar algum. Será que tem cerveja na geladeira? Passo os olhos pela casa e encontro uma garrafa de Jack Daniels. Sirvo em um copo baixo. Desce difícil, queimando. Penso em colocar gelo e ouço uma voz sussurrando no meu ouvido: Você colocaria gelo em um vinho? Não. Pensando bem, não faz sentido. No Japão é muito mais frio, penso me desculpando. Tenho muito que viver. Que ler. Que escrever. E o meu dia de Murakami está apenas começando... Tem dois ovos na geladeira. Faço um omelete. Tenho um texto pronto que nem posso postar, pois foge completamente ao estilo. A campainha toca. Tremo. Não estou esperando ninguém. Olho pelo olho mágico. A zeladora me acena com a mão como quem diz: Eu sei que você está me olhando, abre logo. Respiro fundo e abro. Deixaram esse envelope para o senhor ontem à noite. Como já era muito tarde, deixei para entregar hoje. Obrigado. Bom dia para a senhora também. Abro o envelope e a música de Serge Gainsbourg invade o apartamento. Ne dis rien. N'aie pas peur. Um pássaro de cor estranha pousa na janela. Alguém está de gozação comigo. Só pode ser. Vou até ele, que parece querer me dizer algo. Do nono andar vejo dois rapazes sentados no muro em frente confeccionando cigarros artesanais para depois fumá-los. Não. Não é nada disso: Vi dois moleques bolando um beck. Porra. Vou voltar a dormir. Hoje eu não quero ser Murakami. Fim.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

RIO MUSICAL

Estou impressionado com a quantidade de espetáculos musicais em cartaz no Rio de Janeiro. Não que São Paulo também não viva esse fenômeno, mas, aqui, a coisa parece ter se estabelecido de maneira bem mais significativa. Quase tudo é musical. Dos mais simples aos mais superproduzidos. Credito esse enorme sucesso do gênero em terras cariocas à tradição do Teatro de Revista, que aqui viveu seu esplendor e glória. E, evidentemente, ao samba, às mulatas e seus shows de bikini e plumas no melhor estilo féerie. E por falar em revista, um dos musicais a que assisti foi justamente no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, berço e palco principal de nossas vedetes. Trata-se de Como Eliminar Seu Chefe, adaptação do filme homônimo estrelado por Janie Fonda e Dolly Parton nos anos oitenta. Meu mestre Luís Arthur Nunes me convidou para acompanhá-lo a convite de nosso amigo Marcos Breda que, no espetáculo, vive o chefe em questão. Adorei o programa. Excelente produção, todos estão bem em seus papéis e cantam maravilhosamente. Fiquei apaixonado pela atriz que faz o papel que foi de Dolly Parton no filme, Sabrina Korgut, de quem eu já era fã pela maravilhosa Adenóide que ela interpreta no seriado Pé na Cova, de Miguel Falabella. Na sequência assisti, na companhia da minha amada, idolatrada Shala Felippe, ao apaixonante Estúpido Cupido, dirigido por nosso amigo/conterrâneo Gilberto Gavronski, com uma deliciosa Françoise Forton encabeçando o elenco. Os hits de Cely Campelo animam gerações que vão à Sala Baden Powel para recordar, reviver & sonhar. Dá vontade de ficar amigo de infância da Tetê, personagem de Françoise... Cito os dois espetáculos a que assisti, mas a lista é enorme e segue com Ou Tudo Ou Nada, Andança, Sambra, Raia 30, Deixa Clarear, Kiss me, Kate, O Beijo no Asfalto e muitos mais... Assisti também à performance de um alemão colaborador de Pina Bausch que merece post especial. Essa não era exatamente musical, mas tocava músicas de Juddy Garland o tempo todo. Se me animar, depois eu conto. No mais, sigo sentindo falta da presteza, agilidade, pontualidade, eficiência & serviços 24 horas de São Paulo... Mas como não amar o Riio?
Na foto, Shala et moi com Gilberto e Françoise.