segunda-feira, 31 de outubro de 2011



DIA D, DE DRUMMOND
No meio do caminho tinha uma pedra: O Halloween, dia das bruxas que nada diz da nossa cultura, mas que os brasileiros insistem em copiar dos americanos. A partir de hoje, todos os anos será comemorado em 31 de outubro o Dia D, homenagem ao poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Adorei a idéia. Um dia dedicado à poesia. Deveria existir vários! Um para cada poeta: Dia M, de Mario Quintana; Dia C, de Cecília Meireles; Dia V, de Vinícius; Dia A, de Álvares de Azevedo... Um alfabeto inteiro de homenagens aos criadores do sonho, da beleza, da inspiração e do encantamento que tornam a nossa existência um pouco mais palatável... Sem poesia, não dá. Sobretudo nesses tempos que vivemos, em que todos dizem o que pensam e o que pensam que pensam. Principalmente os anônimos, na internet. Poeta anônimo não existe. Ele cria e assina a sua criação. Tempos de crueza e crueldade. De humilhação e de deboche. Tempos discriminatórios que confundem preconceitos com liberdade de expressão. Ou que, pelo menos, tentam confundir... Meu Deus, por que me abandonaste, se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco? Indaga o poeta... A poesia deveria ser obrigatória. Obrigatória, não. Não combina com ela. Estimulada. Indicada. Premiada. Incentivada. A poesia deveria ser patrocinada, para usar um termo bastante em voga. No trabalho, deveria haver a pausa da poesia, assim como a do cafezinho. Na TV, o horário poético, assim como o assustador horário político. E assim por diante. A gente acha tempo pra tanta coisa, já está mais que na hora de abrir uma brecha poética na nossa agenda, mundo, mundo, vasto mundo! Eu não devia te dizer: Mas essa lua, esse conhaque...Botam a gente comovido como o diabo!
Nunca me esquecerei desse acontecimento, na vida de minhas retinas tão fatigadas: No meio do caminho tinha uma pedra, agora tem o Dia do Poeta.

terça-feira, 25 de outubro de 2011




PREGUIÇA VERSUS PRESSA
Há muito tempo atrás, no arco da velha, quando ainda se amarrava cachorro com linguiça, a pressa resolveu desafiar a preguiça para um duelo. A preguiça, que estava sempre cansada, sugeriu à outra que deixasse o duelo para dois dias depois. A pressa, que estava sempre correndo, exigia que fosse no ato. Após consultarem o departamento de meteorologia, a numeróloga e o astrólogo da época, decidiu-se que o duelo ficaria para o dia seguinte. Os pecados capitais reuniram-se e fizeram uma torcida organizada para a preguiça. A luxúria, que tomou para si o título de líder da torcida, aproveitava para levantar a blusa e mostrar os peitos para todos, deixando a inveja roxa de inveja, enquanto a cobiça ficava de olho no troféu. A soberba, como se achava importante, fingia que nada estava acontecendo, mas a ira mal disfarçava que estava puta com a gula, que torcia para que tudo acabasse em pizza... Já a pressa, como nunca tinha tempo para nada, nem mesmo para os amigos, ficou sem torcida nenhuma. Mas, como também não dormia no ponto, mandou releases para todos os meios de comunicação e teve ampla cobertura da imprensa. Foi capa de todos os cadernos de esportes da época e teve até mesa redonda em diversos canais de TV... A justiça foi chamada para ser o juiz, mas, como era cega, pediu à honestidade para ficar de olho. E quando esta gritou: escolham as armas! A pressa teve uma espécie de chilique, rodou a baiana e bradou: não vou sujar as minhas mãos duelando com você, que não passa de um simples pecado capital! Ao que a preguiça lentamente respondeu: e você, é inimiga da perfeição! Em seguida as duas se engalfinharam, os pecados e as virtudes foram entrando no bolo um a um, a coisa foi crescendo, crescendo, tomando proporções gigantescas até que... Foram felizes pra sempre! Moral da história: Passarinho que come pedra sabe o cu que tem!
Essa singela parábola, que encerra em seu conteúdo mensagem tão enobrecedora, fez parte do meu texto de abertura para o espetáculo homônimo da Terça Insana há muito tempo atrás, no arco da velha, quando ainda se amarrava cachorro etc...

terça-feira, 18 de outubro de 2011


DARLENE GLÓRIA

Quando assisti, no começo dos anos oitenta, ao filme Toda Nudez Será Castigada, fiquei imediatamente apaixonado pela atriz Darlene Glória, a inesquecível Geni da versão cinematográfica de Arnaldo Jabor para a peça homônima de Nelson Rodrigues. Eu tinha tanta vontade de saber mais sobre ela, de saber tudo sobre ela, de assistir a todos os seus filmes. Não existia Google, Wikipédia, nenhuma dessas facilidades de hoje e apenas começavam a despontar as primeiras locadoras de vídeo. Sonhava com um ciclo dedicado à sua filmografia no Cine Bristol, pequena sala de cinema em Porto Alegre dedicada a filmes de arte. Foi bem difícil, mas, aos poucos, eu fui descobrindo mais sobre minha diva do cinema. E quanto mais descobria, mais gostava: Que tinha sido vedete no teatro de revista, que bebia, que era louca, que se drogava, tudo me encantava. Depois, soube que tinha virado religiosa e mudado o nome para irmã Helena Brandão. Foi um choque e uma decepção. Mas o amor tudo perdoa e eu segui idolatrando minha musa. No final dos oitenta, acho que lá por oitenta e sete, minha amiga Shala Felipe, então Xala, foi para o Rio de Janeiro para trabalhar na novela Carmen, da extinta Rede Manchete. Quem estava no elenco com ela? Darlene, que retomava a carreira de atriz após o afastamento evangelizante... Não pensei duas vezes: Quando minha amiga Marta Biavaschi disse que ia ao Rio de Janeiro, escrevi uma carta à minha ídola e pedi à Martinha que desse para a Shala entregar. Tempos depois soube, pela Shala, que ela teria dito ser a carta mais linda que jamais recebera. Isso me fez muito feliz. Quem tem ídolos sabe do que estou falando... Não muito depois fui ao Rio e, quando passava de ônibus pela Praça Paris, à noite, vi que estavam gravando uma cena com uma mulher de vestido de noite dentro do chafariz, bem no estilo Anita Ekberg em La Dolce Vita, de Fellini. Dias depois, assistindo à novela, vi a tal cena e feliz descobri que a Anita que eu vira na Praça Paris era Darlene... Recentemente soube que ela filmou com Selton Mello, mas ainda não tive o prazer de assistir. Ao me deparar com essa foto na internet, lembrei dessa antiga paixão e tive vontade de compartilhar aqui... Parece que estou ouvindo agora sua entonação para a fala inicial de Toda Nudez: Herculano, quem te fala é uma morta! Eu morri! Me matei!

Viva Darlene Glória, estrela do cinema brasileiro!

Na foto, Darlene em cena do clássico de Jabor que lhe rendeu o Kikito de melhor atriz.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011




HÁ VINTE ANOS ATRÁS...
Há vinte anos atrás eu tinha vinte e oito anos
Há vinte anos atrás eu estava morando em Paris
Há vinte anos atrás eu tinha muitos sonhos a realizar
Há vinte anos atrás eu tinha muitas ilusões...


Há vinte anos atrás eu tinha muita flexibilidade
Há vinte anos atrás eu frequentava aulas de acrobacia na escola de circo
Há vinte anos atrás eu não tinha barriga
Há vinte anos atrás eu não tinha rugas...


Há vinte anos atrás eu não tinha a experiência que tenho hoje
Há vinte anos atrás eu não tinha maturidade
Há vinte anos atrás eu não tinha casa própria
Há vinte anos atrás eu era feliz e sabia...


Há vinte anos atrás eu era muito ingênuo
Há vinte anos atrás eu acreditava em todo mundo
Há vinte anos atrás eu não via maldade em ninguém
Há vinte anos atrás eu estava descobrindo o mundo...


Há vinte anos atrás eu não tinha telefone celular
Há vinte anos atrás eu não tinha e-mail
Há vinte anos atrás eu não tinha computador
Há vinte anos atrás eu tinha pai e mãe...


Há vinte anos atrás meus sobrinhos eram crianças
Há vinte anos atrás eu chorava a morte de Cazuza
Há vinte anos atrás eu sonhava encontrar o amor da minha vida
Há vinte anos atrás eu estava realizando o sonho de conhecer a Grécia...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011




VAMOS DAR UM TEMPO?
Tem gente que treme ao escutar essa frase. Outros vivem a pronunciá-la. Eu proponho o seguinte: Vamos dar um tempo para certas coisas, modas, expressões e comportamentos que já encheram o saco de tanto que se repetem? Por exemplo: um tempo para os crocs, para os sapatênis, pro gergelim (deixem-no para os passarinhos) e para a calça saruel, que tal? Acho que também já está na hora de dar um tempo para as redes sociais... E o stand up comedy? Vamos sentar para conversar? E que tal se aproveitássemos e déssemos um tempo também para o gerúndio, para os aplicativos do iPhone, para a Grazi Massafera e pra Ivete Sangalo? Elas fazem tantos comerciais que, não raro, passam seguidos dois de uma delas e dois da outra logo na sequência... Da mesma forma, a gente podia dar um tempo para os reality shows, para os programas de auditório, para as mulheres fruta, para o homem picanha (??) e para os termos galera, bora, bora lá, balada, ta ligado e, tipo assim: tipo. Vamos parar de uma vez por todas de falar “na verdade” e “com certeza”? Ah! Vamos dar um tempo pros cabelos do Neymar? E que tal darmos um tempo também para aqueles adesivos de familias na traseira dos carros? Ãh? E homem segurando a bolsa da mulher? Eu adoraria que toda, mas absolutamente to-da a humanidade parasse de fazer aquele coraçãozinho com as mãos! Ave Maria, nem a pomba da paz encheu tanto... Cantores e bandas deveriam ser proibidos de mandar o público sair do chão, tirar o pé do chão e de gritar: Quem gostou faz barulho aeee!!!Vamos dar um tempo para piadas velhas? E cutucadas no facebook, que tal darmos um tempo também? Vamos dar um tempo pro tomate seco? Deixa ele se re-hidratar, depois a gente conversa...Mas, se você fizer mesmo questão de comer algo seco, coma funghi. Ou, sei lá, a Deborah Secco... E o cream cheese na culinária japonesa, vamos dar um tempo? E braços cobertos de tatuagens, como se fosse uma manga? Sejam longas ou curtas, vamos dar um tempo? Ah! Vamos dar um tempo para pastores pregando na TV? E apresentadores de comerciais de varejão, que vendem tudo aos gritos, vamos dar um tempo? Vamos dar um tempo para o sertanejo universitário? Enfim, vamos dar um tempo para tudo o que abunda? E para o que já virou bunda também... E o pagamento? É só pra agosto!
Quase esqueço: Cachorros usando sapatinhos também não dá...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011




CENSURA
Lembra dessa senhora da foto? Não tem importância, como diria minha amiga Agnes Zuliani, no seu personagem Senadora Biônica. Pois ela é Solange Hernandes, a ex-temida chefe do Departamento de Censura da Polícia Fedral. Mereceu até música de Léo Jaime, gravada pelo Ultraje a Rigor, versão de So Lonely, do The Police. Tenho a impressão que desde o fim da ditadura militar no Brasil não se ouvia falar tanto em censura como agora. Eu cresci nesse obscuro período da nossa história. Lembro que antes de começar qualquer programa na televisão, era exibido o certificado de censura na tela, dizendo qual o limite de idade para se poder assisti-lo. Ninguém ligava muito pra isso e lá em casa eu só não podia mesmo assistir à novela das dez. Mas isso porque meus pais dormiam cedo... E também cheguei a pegar, já como profissional do teatro, o temido ensaio geral para a censura, no qual um funcionário da polícia, o censor, determinava se a peça podia ou não estrear. Foram tempos duros, de cerceamento das liberdades, sobretudo da liberdade de expressão, também tão falada hoje em dia. Tem-se usado muito expressões como censura e liberdade de expressão, para se referir a um possível policiamento politicamente correto que estaria tentando cercear humoristas. Ora, era natural que algum tipo de reação surgisse nessa avalanche de mau gosto que parece ter tomado conta do país. Em nome da liberdade de expressão diz-se, escreve-se, posta-se, transmite-se, enfim, propaga-se toda espécie de bobagens e grosserias. A falta de respeito com o próximo foi institucionalizada e qualquer reação de alguém com um mínimo de bom senso passa a ser considerada patrulhamento do politicamente correto. Que saco! Que coisa mais chata! Quando é que vamos nos tornar adultos? “Zoar” pode ser muito engraçado, e até divertido, quando se tem doze anos e se está no colégio. Se a pessoa não tem nada de relevante para dizer, fique quieta! É óbvio que não estou defendendo nenhuma espécie de censura, mas deveria existir algum tipo de controle - não, essa palavra é péssima - algum tipo de filtro ético e estético do que se divulga como bom, inteligente, esperto, descolado ou, sei lá, stand up comedy. Expressão que também não suporto mais ouvir, tal o nível de desgaste e deturpação que já atingiu por aqui. Não há a menor dúvida de que é horrível se tratar a mulher como se trata nos comerciais de cerveja, não há a menor dúvida de que os programas de humor da TV, na sua maioria, são grosseiros, não há a menor dúvida de que nós, brasileiros, somos machistas, preconceituosos e sexistas. Só que muita gente ganha dinheiro agindo assim. E qualquer tentativa de se elevar o nível passou a ser vista como censura da liberdade de expressão. Acho que quem afirma isso com certeza não viveu ou não se informou acerca do que foi o triste período da censura no nosso país. Não se trata de censura ou de ser politicamente correto: Trata-se de bom gosto, de gentileza, de cortesia, de delicadeza, de elegância. Trata-se, senhores, de Educação.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



ODORES
Noite quente de primavera. Sentado na frente do Ritz, sorvo goles de Baby Chandon. Uma onda doce, de perfume, invade o ar. Primaveras. Jasmins. Damas da Noite... Não é de hoje que me sento aqui. É de muitas primaveras. O aroma de flores me leva pra longe... Soledade nos anos setenta. Porto Alegre nos anos oitenta. Paris nos anos noventa... Ritz em casa, Domênica, boa noite? O motoboy dá a partida. Acelera pra esquentar o motor, súbito odor de gasolina invade a cena, as narinas, a memória. Sou trazido imediatamente de volta: São Paulo 2010. Onde está a poesia? Em um beco grafitado na Vila Madalena. Na dança contemporânea de Jorge Garcia. Na área reescrita, obra em construção no Centro Rio Verde. Na reutilização de espaços. No uso de máscaras. No ato de despir-se delas. No filme Medianeras. Nas futilidades públicas do banheiro de Patrícia Gaspar. No trailler do filme Palhaço, de Selton Mello, que emociona tanto que estou contando os dias para assistir. Eu sigo sonhando com sossego, uma casa modesta numa praia deserta, uma pequena cidade. Paradoxalmente me mantenho na cidade grande. Como aquelas plantas que crescem no meio do concreto. Nas rachaduras dos prédios. Ninguém sabe como nem porquê. Sol entre nuvens. Possibilidade de chuvas. Quer previsão mais vaga?
Outra Baby, por favor. E odor de flores...

terça-feira, 4 de outubro de 2011



ONDE ESTÁ WALLY?
A solidão nas grandes cidades é um tema que me atrai, me intriga e me fascina desde os anos oitenta. Sempre quis entender o que leva as pessoas a morarem todas no mesmo lugar e, ao mesmo tempo, se manterem tão distantes. Como imensas massas de seres solitários. O surgimento da internet parece ter elevado essa condição a um paroxismo sem precedentes. Parece ter potencializado o isolamento intrínseco dos seres urbanos contemporâneos. E antes que eu comece a falar besteira, qual filósofo de botequim, vou direto ao ponto: Acabo de assistir ao filme argentino Medianeras, que explora de maneira inspirada e poética o tema que tanto mexe comigo há quase trinta anos. Estamos muito mais próximos uns dos outros do que imaginamos. Nossa solidão roça a do outro o tempo todo, atropela, esbarra, risca, trisca, produz faíscas e eletricidade. Apenas não nos permitimos percebê-lo. Já estamos cansados de olhar para os lados, procurar, buscar, querer descobrir onde está Wally. Quando entramos no elevador mal olhamos pro outro. E, quando dizemos bom dia, é um custo ouvir bom dia de volta. O que vem é um sussurro, um grunhido emitido por obrigação. Pelo convívio involuntário. Que beleza, então, podermos fazer tudo pela internet. Até mesmo se relacionar. Muito mais prático. Limpo. Seguro. Mas chega uma hora que a natureza animal se manisfesta. O instinto se sobrepõe à razão. E algum tipo de feromônio nos empurra uns para os outros. Seja em Buenos aires, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris ou Nova Iorque. Solidão é lava que cobre tudo. Como nos versos da canção de Paulinho da Viola, danço eu, dança você na dança da solidão...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011




FRENÉTICAS
Recentemente vivi uma experiência única. Uma espécie de volta no tempo, como acontece no filme de Claudio Torres protagonizado por Wagner Moura. Fui, no dia 17 de setembro, a Florianópolis para assistir ao show das Frenéticas no Floripa Music Hall. Quem tem mais de quarenta anos sabe de quem estou falando. Ou melhor, do que estou falando. Me refiro ao fenômeno Frenéticas, que tomou o Brasil no final da década de setenta. Eu tinha catorze anos de idade no ano do lançamento do primeiro LP do sexteto, formado por Leiloca, Lidoka, Dudu, Edir, Regina e Sandra Pera. Vivíamos o auge da era disco, aqui no Brasil batizada de discoteca. As meninas fizeram estrondoso sucesso, com vários hits nas paradas e trilhas sonoras de novelas. Lembro que nas festas que fazíamos no nosso apartamento de Porto Alegre, eu e minhas irmãs colocávamos o LP das Frenéticas para repetir na vitrola diversas vezes o lado A, e, depois, diversas vezes o lado B. Diversão garantida. Ninguém ficava sentado. Quem viveu, curtiu. Mas quero falar é do que vivi agora. Ou revivi. Não sei exatamente. Achei as Frenéticas tão vivas, tão atuais, com suas músicas trazendo tanta alegria a uma casa de shows lotada de gente que foi para se divertir e se divertiu muito, que o termo reviver soa inadequado. Tratava-se de algo que estava sendo vivido, vivo. Já assisti a shows de artistas que fizeram sucesso no passado e que agora não passam de uma lembrança difusa do que foram, pálida sombra da glória de outrora. Esse decididamente não é o caso das Frenéticas. Elas estão muito vivas e sacudidas. Senhoras Frenéticas, sim senhor. E é tão bom constatar que a diversão sobrevive, que a felicidade bate à sua porta, que o trem da alegria promete, mete, mete, mete, garante....Tenho a honra e o prazer de ser amigo pessoal de uma delas, Maria Lídia, a Lidoka. Lidoka e eu nos conhecemos durante a temporada da Terça Insana no Rio de Janeiro, entre 2004 e 2005. Nossa identificação foi quase que imediata e, desde então, somos muito presentes um na vida do outro. Irmãos astrais, como ela nos define, pois nascemos no mesmo dia, com alguns anos de diferença. Fiz questão de ir até Floripa conferir o show e foi realmente maravilhoso. Mais do que um show, foi uma festa. A platéia dançou, cantou e se divertiu o tempo todo, em pé, comemorando a alegria de viver. Nada mal em tempos tão bicudos, de crises econômicas, greves e catástrofes naturais, para dizer o mínimo. Nada daqueles shows-truque, com o artista cantando sobre bases gravadas em playback. As Fre mandaram ver com banda mesmo, ao vivo, e uma puta banda, diga-se de passagem. Com direito aos irmãos Mimi e Marcos Lessa, ex-integrantes do Bixo da Seda, e Guto Goffi, baterista do Barão Vermelho. Fiquei louco para vê-las cantar outra vez. Ou melhor, outras vezes. E, a julgar pela resposta que tiveram do público, qualitativa e quantitativamente falando, isso vai acontecer. Sem dúvida alguma.
As Frenéticas tem que voltar!!!
Na foto, minha irmã astral e frenética preferida, Lidoka.